Plutão, durante muito tempo considerado o nono planeta do Sistema Solar, conquistou a imaginação de gerações. Mesmo após ser reclassificado em 2006 como “planeta-anão”, ele continua intrigando pesquisadores, especialmente por conta de sua atmosfera frágil — que, de acordo com observações recentes, está gradualmente sumindo. Mas por que isso acontece? E o que isso diz sobre a dinâmica do Sistema Solar?
Para começar, é importante lembrar que Plutão tem uma órbita extremamente excêntrica e leva cerca de 248 anos para dar uma volta completa em torno do Sol. Em vez de uma trajetória quase circular, como ocorre com a Terra, Plutão percorre um longo caminho elíptico que o afasta do Sol muito mais do que a maioria dos planetas.
Quando o planeta-anão se encontra em seu ponto de maior proximidade (periélio), recebe um pouco mais de radiação solar, fazendo com que parte do gelo de sua superfície sublime — mudando diretamente do estado sólido para o gasoso. Dessa forma, forma-se uma atmosfera tênue, composta majoritariamente por nitrogênio, além de pequenas quantidades de metano e monóxido de carbono.
No entanto, conforme Plutão se afasta novamente em sua órbita, a temperatura despenca a ponto de o nitrogênio atmosférico se condensar e voltar a se depositar na superfície, em forma de gelo. Esse processo, chamado de “colapso atmosférico”, faz com que a fina camada gasosa praticamente desapareça.
Observações feitas por ocultações estelares (quando Plutão passa em frente a uma estrela e a luz dela atravessa sua atmosfera) e dados da sonda New Horizons, que sobrevoou o planeta-anão em 2015, indicam que a densidade atmosférica de Plutão já começou a diminuir. A tendência, portanto, é que o ar de Plutão se torne cada vez mais rarefeito ao longo das próximas décadas.
Mas essa não é uma sentença definitiva: como o ciclo orbital se repete, quando Plutão estiver novamente mais próximo do Sol (o que só deve acontecer daqui a muitos anos, em escala humana), sua superfície poderá aquecer o suficiente para que parte dos gelos sublimem outra vez.

Atmosfera de Plutão. Créditos: Spacebetween
Em outras palavras, a atmosfera não desaparece para sempre; ela entra e sai de cena, quase como se fosse regida por um “interruptor” cósmico, ligado ou desligado de acordo com a quantidade de energia solar que recebe.
Estudar esse processo cíclico em Plutão é fundamental para entender não apenas o comportamento de atmosferas frágeis em mundos gelados, mas também para refinar modelos climáticos que podem ser aplicados a outros corpos do Sistema Solar e até a exoplanetas distantes.
Afinal, fenômenos que parecem exóticos aqui podem ser relativamente comuns em outros lugares. Por enquanto, o planeta-anão atravessa uma fase de “congelamento” atmosférico, e os cientistas seguem acompanhando cada mudança, ansiosos para ver o que os próximos anos — e séculos — reservarão à superfície e ao “ar” de Plutão.
No SpaceBetween, vamos continuar monitorando as descobertas e atualizações sobre esse intrigante mundo gelado. Fique de olho para saber mais sobre o futuro (e o presente gelado) de Plutão!